A Natividade de Jesus

O Nascimento de um Homem-deus

Elaboração de um mito

Jesus Never Existed –  Imaginary Friend


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Kenneth Humphreys


19.01.15

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Lucas – "Anjos mas nenhuma estrela"

Tendo escutado o coro celeste, os pastores de Lucas encontram o menino Jesus sem a ajuda de nenhuma estrela.

"Foram com grande pressa e acharam Maria e José, e o menino deitado na manjedoura."
– Lucas 2.16.

De fato, Lucas não sabe nada sobre a estrela tão importante à historinha rival em Mateus.

 

 

 

 

 

 

* Quem é o Messias?

O Talmud atribui ao sábio judeu Johanan ben Zakkai (c. 30-90 dC), cabeça da escola rabínica de Yavne, suas últimas palavras, "prepare um trono para Ezequias, o Rei de Judá, que está vindo." (Brachot 28b).

Outros rabinos consideravam que a esperança messiânica já tinha sido cumprida com o Ezequias histórico.

 

Etimologia

"Ezequias, melhor transliterado como Ḥizkiyyahu ... significa algo como "Fortalecido por YHWH" "

Wikipédia

 

 

 

 

 

 

"Parte dupla para os judeus" diz Isaías

Acabou

Na época do bisneto de Ezequias, Josias, a potência assíria entrou em colapso, mas nem isso salvou "a casa de Davi".

O Egito, sob o faraó Neco, era agora um aliado enérgico de uma enfraquecida Assíria, e seu exército destruiu Josias e seus soldados no caminho ao norte para auxiliar a Assíria.

Em vinte anos, Judá teve seu fim, conquistada pela nova superpotência Babilônia. A linha dos reis de Judá chegou ao fim e as divagações raivosas e promessas vãs de Isaías foram expostas como a mentira piedosa que sempre foram.

"Teu povo .., possuirá a terra para sempre ... gente de fora vos servirá de lavradores e vinhateiros ... a vós chamar-vos-ão sacerdotes do Senhor. Vós vos alimentareis com as riquezas dos gentios ... Já que tiveram parte dupla de vergonha ... receberão em sua terra parte dupla de herança..."

– Isaías 60.21-61.7 .

Poderia ter errado mais?

Com seu garoto-propaganda Josias eliminado e a "linha de Davi" no fim, sacerdotes expatriados na Babilônia começaram a inventar um novo judaísmo..

 

 

 

 

 

Por que desperdiçar uma boa historinha?

Isaías foi saqueado outra vez para obter mais cenários da natividade quando os escritores notaram uma referência a um estábulo, um boi e um asno! Oba!

Isaías estava na verdade falando sobre a maldade de Judá, cujo povo, ele diz, é mais idiota do que animais de fazenda – mas quem se importa?

"O boi conhece o seu possuidor,
e o asno, o estábulo do seu dono."
– Isaías 1.3.

Isso aí! Isso aí é Jesus!

 

 

 

 

 

 

Cobrança de Impostos nas Províncias

Evidência de um imposto por cabeça no Egito no quinto ano do reinado do imperador Cláudio (45 dC).

Entre outros recenseamentos conhecidos estão o da Gália (27 aC), o da Germânia (9 dC) e o da Panônia (10 dC).

São mais evidentes os censos no Egito, uma província vital porque era responsável por um terço do fornecimento de grãos a Roma.

Um decreto do procurador (prefeito) do Egito em 104 dC ordenou aos trabalhadores migrantes que retornassem à cidade de suas famílias (mas não "ancestral"). O conhecimento disso pode ter influenciado o autor de Lucas.

 

 

 

 

 

 

 

 

A Bíblia – um livro bom?

"Morte para sexo antes do casamento"

Maria certamente estava correndo um risco. Como diz a Bíblia, sexo fora do casamento exige morte por apedrejamento:

"Se uma virgem se tiver casado, e um homem, encontrando-a na cidade, dormir com ela, conduzireis um e outro à porta da cidade e os apedrejareis até que morram: a donzela, porque, estando na, cidade, não gritou, e o homem por ter violado a mulher do seu próximo.

Assim, tirarás o mal do meio de ti."

– Deuteronômio 22:23-24.

 

 

 

 

 

 

 

 

** Segundo a tradição ortodoxa, Simeão foi um dos tradutores originais da Septuaginta (Alexandria século III aC). Ele teria 360 anos quando viu Jesus no templo.

Isso já diz tudo.

 

 

 

 

 

 

Nascido num Estábulo?

Jesus nasceu num estábulo? Ou num celeiro? Ou numa caverna?

Lucas* diz apenas uma manjedoura. Não havia lugar para ele na kataluma ("hospedaria" ou quarto de hóspedes).

Mas José supostamente tinha voltado à sua cidade ancestral, "da linhagem de Davi". Então o lugar estaria lotado de parentes dele. E nenhum deles hospedaria uma mulher em gravidez avançada? Tsc-tsc..

A realidade é que a história de Jesus é aprimorada com o "nascimento humide".

Os primeiros cristãos tinham a ideia de que ele tinha, na verdade, nascido numa caverna. Dá para ficar ainda mais humilde do que isso?

* Mateus, um pouquinho mais realista, diz, "E quando eles entraram na casa ..." (2.11).

 

 

 

 

 

A Caverna

No século IV, durante a construção do mito surreal cristão, uma igreja foi construída sobre uma caverna convenientemente localizada em Belém – sobre, isto é, uma caverna anteriormente consagrada ao culto de Adônis-Tamuz (Senhor Tamuz).

Uma versão maior da igreja foi construída pelo imperador Justiniano e grande parte dela sobreviveu até hoje, ainda com a "gruta da natividade".

 

 

 

 

 

 

 

Pai da Igreja fornece evidência da Caverna e da Manjedoura

"Com respeito ao nascimento de Jesus em Belém, se alguém desejar, depois da profecia de Miqueias e depois da história registrada nos Evangelhos pelos discípulos de Jesus, obter evidências adicionais de outras fontes, saiba que, em conformidade com a narrativa do Evangelho sobre seu nascimento, podem ser vistas em Belém a caverna onde ele nasceu, e a manjedoura na caverna onde ele foi envolvido em panos."

– Orígenes. Contra Celso, I, 51.

 

 

 

 

 

 

 

 

Última palavra

 

 

 

Nem Marcos nem Paulo, nem qualquer dos outros escritores das epístolas do Novo Testamento, sabe alguma coisa do nascimento de Jesus de uma virgem; de fato, eles não demonstram nenhum conhecimento de seu nascimento. Apesar de, coletivamente, todos eles terem escrito antes de Mateus e de Lucas, eles evidentemente são os que menos sabem sobre seu nascimento. Talvez ainda mais surpreendente é que os autores de João, apesar de que certamente sabiam das histórias do nascimento apresentadas por Mateus e Lucas, não consideraram essas histórias como dignas de serem mencionadas no seu evangelho. Mas apesar de tudo isso, a história bonitinha de nascimento milagroso e cumprimento de antigas profecias tem encantado e entusiasmado gerações de cristãos que, com simples fé, conseguem ignorar a racionalidade e a objetividade com um sorriso radiante e meio retardado. Ei, é Natal.

 

Nenhuma historinha de natividade nas Epístolas, em Marcos ou João

Na epístola aos Gálatas, o escritor dessa epístola paulina enfatiza um ponto sobre o nascimento do Cristo – e não é a alegação extravagante de que ele nasceu de uma virgem. É a alegação bem prosaica de que o nascimento foi em conformidade com a Lei judaica (em outras palavras, que Cristo nasceu judeu):

"Mas quando veio a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, que nasceu de uma mulher e nasceu submetido à Lei."
– Gálatas 4.4.


No versículo seguinte, o escritor explica que o filho nasceu judeu para que ele pudesse "redimir" outros que também eram judeus. Em nenhum lugar dessa epístola, nem de qualquer outra, há alguma referência a uma virgem, chamada de Maria ou de qualquer outro nome, tendo um filho. Na única passagem em que Paulo fala alguma coisa de virgens (1 Coríntios 7), o escritor diz que as virgens servem o Senhor melhor do que as casadas porque elas não são distraídas pelas necessidades de seus maridos!

A única outra ocasião em que os escritores paulinos preocupam-se com o nascimento de Jesus é Romanos 1.1-3. e aqui a referência é a descendência ou "semente humana", não à atuação de um espírito divino:

""Paulo, servo de Jesus Cristo, chamado para ser apóstolo, separado para o evangelho de Deus, ...acerca de seu Filho, que nasceu da semente de Davi segundo a carne."


A posição paulina é inequívoca. Os autores não sabem de nada sobre uma concepção sobrenatural e, de fato, dizem completamente o contrário – o nascimento foi normal e judaico, embora de "descendência real".

O autor de Marcos é outro que não tem nenhuma história de uma virgem santa ou fecundação divina. O Jesus de Marcos faz sua primeira aparição como um adulto, não como uma criança, e não há nenhuma referência posterior a um nascimento sobrenatural ou mesmo natural. Marcos descreve brevemente os detalhes da origem de seu herói. Seu Jesus veio "da Galileia", da cidade de Nazaré, para ser batizado por João. Mas é tudo o que Marcos tem a dizer sobre o assunto.

Talvez mais revelador é o tratamento da origem de Jesus no evangelho de João. Nele, o autor, apesar de que certamente conhecia as fábulas anteriores imaginadas por Mateus e Lucas, assim como Marcos, não tem nenhum interesse numa origem humana de seu "Verbo de Deus feito carne". João afirma muito claramente que Jesus era "o filho de José " (João 1.45; 6.42.) – o que dificilmente poderia implicar na virgindade de Maria. Novamente, como Marcos, ele faz um prefácio à sua história de Jesus com um preâmbulo sobre João Batista, e quando primeiro aparece a "Luz" e o "cordeiro", ele é um adulto. Mais à frente no evangelho de João, os fariseus discutem sobre Cristo e eles têm a clara impressão de que Jesus não tinha conexão alguma com Belém (João 7), uma ideia também compartilhada anteriormente na história por Natanael, que logo se tornaria discípulo. Nem mesmo o evangelista João acreditou na historinha fantástica do "nascimento de uma virgem"!

 

Profecia Cumprida? Não, só corta-cola

Tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que o Senhor falou pelo profeta:
"Eis que a Virgem conceberá e dará à luz um filho, que se chamará Emanuel. " – Mateus 1.22-23.


Ninguém no Novo Testamento realmente chama Jesus de "Emanuel". O profeta que supostamente tinha feito essa profecia é Isaías, no entanto, "Isaías" são pelo menos três escritores, que compuseram material por um período de mais de duzentos anos. O primeiro ou "proto" Isaías, em algum ponto do século VIII - VII aC, escreveu:
"Portanto O próprio Senhor vos dá um sinal, Ó, a Virgem está concebendo, E está dando à luz um filho, E o colocou o nome de Emanuel."
– Isaías 7.14. (Tradução da versão em língua inglesa "Literal de Young")


Tal tradução "literal" das palavras de Isaías ainda mantém uma interpretação cristã. Veja, no entanto, que o tempo presente é usado.

O contexto para essa suposta "profecia messiânica" está extremamente distante da Judeia herodiana ou romana. "O Senhor" (através de Isaías) está falando ao Rei Acaz, o soberano de Judá em cerca de 734-728 aC. A mulher jovem em questão é provavelmente uma esposa ou concubina do próprio Acaz, presente entre os cortesãos aos quais fala o profeta. Ela está grávida (claramente, daí o "Eis que"), e, apesar da insistência de Acaz em não "pôr o Senhor à prova", Isaías está determinado em apresentar o iminente parto da mulher como um "sinal" de Yahweh. O "sinal" não é o milagre da gravidez de uma virgem – nem qualquer outro milagre. O "sinal" é que o filho prestes a nascer rapidamente aprenderá a rejeitar o mal e escolher o bem, terá os favores do Senhor, e que a Casa de Davi prevalecerá..

Uma tradução mais precisa do texto seria:

"Portanto o próprio Yahweh vos dá um sinal. Olhai! A mulher jovem que está grávida dará à luz um filho e ela deverá chamá-lo Emanu'El (Yahweh está conosco)."


Mas o "sinal" que Isaías identificou na moça grávida fica incompleto sem os versículos seguintes:

"Ele será nutrido com manteiga e mel até que saiba rejeitar o mal e escolher o bem. Porque antes que o menino saiba rejeitar o mal e escolher o bem, a terra, cujos dois reis tu temes, será devastada." – Isaías 7.15-16.


Em outras palavras, antes que a criança coma "manteiga e mel" e aprenda a preferir o bem ao mal (com certeza aprender essa escolha não seria bastante desnecessário para Jesus?), os atuais inimigos de Judá serão devastados. O intervalo de tempo não é de séculos mas bastante curto. A crise político-militar causada pelo ataque de Efraim (o reino do norte de Israel) e de Damasco (Síria) que então acontecia em Judá resultará – diz Isaías – na derrota de ambos.

O "profeta" Isaías está tranquilizando o Rei Acaz, em troca de sua fidelidade a Yahweh.

Claramente, não estamos falando de uma província romana ou de um messias que deve nascer uns setecentos anos no futuro (e que mal consolaria um rei próximo da derrota iminente!). De fato, a "profecia" apontava para o próprio filho de Acaz Ezequias (728-698 aC) e esse é o maior indício de que o "sinal" foi na verdade inventado durante o reino do próprio Ezequias.

E também, "Ezequias" é um nome teofórico, que significa "Fortalecido por Yahweh". Para alguns rabinos posteriores, Ezequias cumpriu a esperança messiânica; para outros, essa esperança seria cumprida pelo retorno de Ezequias.*

Na realidade, Acaz não "confiava em Yahweh" apenas – ele apelou à Assíria e seu soberano Tiglate-Pileser, que em 732 aC derrotou os inimigos de Judá, Damasco e Israel. Como resultado dessa "aliança" com uma superpotência, e para o desgosto dos "profetas" de Yahweh como Isaías, deuses assírios foram introduzidos em Jerusalém e Judá efetivamente se tornou um vassalo da Assíria.

Quando Ezequias herdou o trono alguns anos depois, o expansionismo assírio estava no seu auge. Nos primeiros anos de seu reino, ocorreu uma rebelião do reino do norte sob Oséias, que provocou a fúria primeiro de Salmaneser V e depois de seu sucessor Sargão II. Como resultado, o reino do norte, com base em Samaria, foi destruído em 721 aC e muito de sua população ("as dez tribos perdidas"), deportada.

Apesar de estar em vassalagem à Assíria, Judá recebeu sacerdotes exilados do norte, cuja presença na corte real fez com que os seguidores de Yahweh tivessem pulso firme com eles e estimulou "reforma" religiosa e noções de resistência. E de fato, após a morte prematura de Sargão, Ezequias teve coragem de se rebelar, em conspiração com o Egito, e lançou ataques aos vizinhos aliados da Assíria. Nesse ponto, a propaganda do rei como sendo o "favorecido aos olhos do Senhor" se tornou necessária à própria sobrevivência de Judá e Isaías se pôs a trabalhar.

Como toda "profecia", as palavras de Isaías foram escritas para um propósito contemporâneo mas com a roupagem de um conflito anterior similar, neste caso um trinta anos antes envolvendo o pai do próprio Ezequias. Ela com certeza não teve nada a ver com o nascimento de um homem-deus no futuro distante, no tempo de Herodes. Também, como toda "profecia", ela foi inútil. No quarto ano da rebelião de Ezequias, a máquina de guerra assíria rendeu Judá, destruindo Ascalão, Jafa, Laquis e deixando o rei judeu encurralado "como um pássaro numa gaiola". Para poder ao menos sobreviver, Ezequias teve que entregar todos seus tesouros e "tirar o ouro das portas do templo " (2 Reis 18.16). O rei humilhado morreu em três anos e tanto seu filho Manassés como seu neto Amom governaram como vassalos da Assíria.

"Com a aceitação do domínio assírio, e o consequente reconhecimento dos deuses assírios, as fundações teológicas da monarquia – a eterna escolha de Yahweh por Sião e Davi – foram questionadas."

– J. Bright, Peakes Commentary, p489.


Simplesmente, a "profecia do nascimento de uma virgem que foi cumprida com Jesus", apesar de repetida um milhão de vezes em qualquer nação que sucumbiu à psicose do cristianismo, é uma besteira do início ao fim.

 

Um Censo? Direto das páginas de Josefo

"Naqueles tempos apareceu um decreto de César Augusto, ordenando o recenseamento de toda a terra. Esse recenseamento foi feito pela primeira vez durante o governo de Quirino na Síria. Todos iam alistar-se, cada um na sua cidade." – Lucas 2.1-3.

"Agora Quirino ... foi nesse tempo à Síria ... enviado por César para governar aquela nação ... O próprio Quirino veio à Judeia, que agora estava anexada à província da Síria, para tomar contas dos bens deles, e para dispor do dinheiro de Arquelau;"
– Josefo, Antiquidades Judaicas " – 18.1.1-3.


Lucas
combina a ideia de Jesus como sendo um galileu de Nazaré com a ideia meio conflitante de que Jesus também cumpriu a promessa profética de que o Messias viria da "cidade de Davi", isto é, Belém, há uns 112 quilômetros mais ao sul em Judá.

Enquanto a historinha de Mateus faz a sagrada família se mudar da cidade natal de Belém para uma nova residência em Nazaré com o pretexto de escapar do temível Arquelau, um filho de Herodes (e assim eles vão se estabelecer na Galileia, onde outro filho de Herodes, Antipas, governa!), Lucas faz o trio viajar na direção oposta, de Nazaré para Belém. A mudança é completamente temporária e não é acompanhada por preocupações sobre cruéis príncipes herodianos.

A razão que Lucas dá para a jornada (feita com uma esposa em gestação avançada) é muito duvidosa: um censo do mundo inteiro, obrigando todas as pessoas a voltarem para sua "própria cidade" – isto é, não o lugar normal de domicílio mas o de raiz ancestral da família.

"Também José subiu da Galiléia, da cidade de Nazaré, à Judeia, à Cidade de Davi, chamada Belém, porque era da casa e família de Davi, para se alistar com a sua esposa Maria, que estava grávida." – Lucas 2.4-5.


José, diz Lucas, vai a Belém não porque ele nasceu lá mas porque o Rei Davi tinha nascido lá mil anos antes!


O absurdo dessa ideia é monumental. A história também ilustra como o autor de Lucas muito dependeu do trabalho de Josefo para ter sua "precisão histórica". Josefo forneceu a Lucas todos os pedacinhos de que ele precisava sobre o censo na Judeia em 6 dC para ele construir esse breve preâmbulo à história da natividade. Mas nem Josefo nem qualquer outro fala de um recenseamento "mundial".

Os romanos certamente faziam censos (a própria palavra se originou na Roma antiga) e, durante a era republicana, o cargo de censor era um "magistrado sagrado" respeitado. Seus deveres envolviam registrar cidadãos e suas propriedades e manter a moral pública. "O papel dos Censores é determinar as gerações, origens, famílias e propriedades das pessoas..." – Cícero, De legibus iii.3.) Nas listas de Roma (Tabulae censoriae), os cidadãos eram registrados por tribo e por classe. Os escravos, como o gado, apareciam como propriedades. Sabe-se que Augusto fez pelo menos três censos dos cidadãos romanos, em 28 aC, 8 aC, e 14 dC. Cláudio ordenou um censo no Egito em 45 dC. Mas Lucas não é claro nem sobre a data de nascimento do seu Jesus.

Se o nascimento de Jesus tivesse ocorrido durante o reinado de Herodes o Grande (Lucas 1.5) então não teria havido nenhum censo "romano" no reino desse rei vassalo, que tinha seu próprio regime de impostos (e de qualquer forma, censos eram proibidos pela lei judaica). Uma das razões pelas quais os reinos vassalos foram subsequentemente absorvidos pelo império foi exatamente para aumentar a eficiência da coleta de impostos.

Se, por outro lado, o nascimento de Lucas ocorreu durante o censo que foi feito na Judeia em 6 dC (Lucas 2.2) – e ele certamente estava se referindo a esse evento – então os limites das antigas vilas tribais, nunca estáveis e há muito tempo abandonadas pelos judeus, não interessavam os oficiais de impostos romanos. Um pouco antes desse censo, o território da Judeia, junto com a Samaria e a Idumeia, tinha sido anexado à Síria e submetido a um prefeito romano. Mas a tetrarquia da Galileia permaneceu sob o governo do irmão de Arquelau, Antipas, até que este foi banido muitos anos depois por Calígula. José, como morador desse principado vassalo minúsculo – que não era parte da recém-criada Província de Iudaea – não teria precisado viajar a Belém na Judeia, e sua noiva Maria não precisaria viajar a lugar algum!

Apesar de ser uma das histórias mais famosas do mundo, e muito valorizada pelos cristãos, a história de Lucas sobre a natividade não tem absolutamente nenhuma credibilidade como um evento histórico..

 

Um censo anterior? – Não de acordo com Lucas!

Nunca dando o braço a torcer, os apologistas cristãos, num esforço para salvar Lucas de seus erros cronológicos, manipulam tanto o texto quanto a evidência histórica. Assim eles fazem o versículo "E esse recenseamento foi feito pela primeira vez durante o governo de Quirino na Síria" (Lucas 2.2) virar: "E esse foi o recenseamento antes do governo de Quirino na Síria". Com essa substituição simples, o recenseamento não fica mais ligado ao ano 6 dC – e isso abre a possibilidade (... probabilidade ...certeza!) que houve um censo anterior. Se isso parece tornar obscuro por que, nesse caso, Lucas perde tempo fazendo alguma menção a Quirino, então o apologista coloca o segundo pedaço de massa de modelar no lugar: Quirino governou a Síria duas vezes!

Isso seria engraçado – e com certeza é – mas os "arqueólogos bíblicos" têm se esforçado para fornecer evidências.

No século XVIII, perto de Tivoli (Roma) uma inscrição foi descoberta (Lapis Tiburtinus) que se refere a alguém que foi legado (governador) pela segunda vez na província da Síria. Mas o nome foi perdido e, apesar de que o segundo governo pode ter sido na Síria, isso de forma alguma estabelece que o primeiro também foi. E a quem a inscrição se referia? Ainda se debate sobre essa "evidência", mas a hipótese dos "dois censos" é descartada por alguém inesperado: o próprio Lucas.

Lucas se refere ao censo (τῆς ἀπογραφῆς) pela segunda vez – em Atos 5.36-8:

"Homens de Israel, considerai bem o que ides fazer com estes homens.

Faz algum tempo apareceu um certo Teudas, que se considerava um grande homem. A ele se associaram cerca de quatrocentos homens: foi morto e todos os seus partidários foram dispersados e reduzidos a nada.

Depois deste, levantou-se Judas, o galileu, nos dias do recenseamento, e arrastou o povo consigo, mas também ele pereceu e todos quantos o seguiam foram dispersados."


Nessa passagem notória, Lucas deixa claro que ele tem apenas um censo em mente, aquele que fez Judas da Galileia se rebelar contra os impostos, em outras palavras, no ano 6 dC. Ironicamente, Judas da Galileia ajudou Lucas a colorir sua personagem de Jesus (assim, de Josefo, "Judas ... era um mestre de sua própria seita peculiar, e não era como o resto de seus líderes." – Guerras, 2.8.1.). Judas da Galileia aparece no registro histórico exatamente no mesmo tempo e lugar em que Jesus da Galileia aparece na obra-prima religiosa de Lucas. Mas Judas é um militante, ao passo que o "Jesus" de Lucas é um pacifista. E agora sabemos porque José e Maria fazem aquela viagem desnecessária ao sul até Belém. Como se vê, eles não se rebelam por causa dos impostos. Eles são bons "cidadãos" que observam a lei romana e obedecem a exigência do imperador de registrarem-se para a cobrança de impostos.

O que faz essa passagem particularmente notável é que Lucas comete outro erro cronológico. Ele segue Josefo de perto, e Josefo discorre sobre o ilusionista rebelde Teudas antes de mencionar Judas da Galileia. Mas o texto de Josefo deixa clara (Antiguidades 20.5.1-2.) – por estar falando sobre os filhos de Judas – a sequência cronológica correta. Em Lucas, no entanto, a personagem Gamaliel nomeia os rebeldes na ordem errada e, de fato, nomeia Teudas que é "muito posterior" para que Gamaliel soubesse dele!

Longe de ser um "historiador altamente preciso" Lucas fez um plágio muito mal-feito de Josefo!

 

Sem lugar – numa cidade cheia de parentes de José?

"Estando eles ali, completaram-se os dias dela. E deu à luz seu filho primogênito, e, envolvendo-o em faixas, deitou-o numa manjedoura; porque não havia lugar para eles na hospedaria." – Lucas 2.6-7.


Se José retornou à sua cidade "ancestral" para se registrar no censo, presume-se que também o fizeram outros parentes, tanto próximos quanto distantes. Também pode-se imaginar que alguns, ou provavelmente muitos, membros da tribo continuavam morando "na cidade de Davi". O que torna muito surpreendente que "não havia lugar" numa vila cheia dos próprios parentes de José. Será que os habitantes da vila eram tão sem-coração que não hospedariam uma mulher jovem em gravidez avançada, da qual eles eram parentes distantes e a qual era supostamente da linha de Davi? É ridículo achar que os ocupantes de qualquer hospedaria não teriam dado prioridade a uma mulher prestes a dar à luz. Aqui, claro, está um pouco do antissemitismo de Lucas.

Na realidade, a história do menino Jesus foi aprimorada com um "nascimento humilde" no qual o bebê foi colocado numa manjedoura. Apesar da tradição, nenhum "estábulo" é mencionado nos evangelhos. No grego, a palavra usada é kataluma (καταλυματι), que significa um lugar "para descansar de uma viagem", que pode ser traduzido como "quarto de hóspedes", "hospedaria" ou até "caverna". Certamente, os primeiros cristãos desenvolveram uma "tradição" muito apreciada de que o nascimento de Jesus tinha ocorrido numa caverna e essa caverna é assim honrada na Igreja da Natividade em Belém até hoje.

O lugar é significante porque, desde o começo do cristianismo, os cristãos tentavam tomar para si os locais antigos de veneração pagã. Na época de Justino (cerca de 150), a tradição da caverna já tinha se estabelecido:

"Mas quando a Criança nasceu em Belém, como José não tinha conseguido hospedar-se naquela vila, ele se alojou numa certa caverna perto da vila." – Diálogo com Trifão, 78.


O sacerdote do século IV Jerônimo, morador antigo de Belém, abre o jogo numa carta a Paulino de Nola, bispo nascido na Gália. Comentando de passagem, Jerônimo relata que o santuário da caverna na Belém "cristã" era anteriormente consagrado ao deus Adônis-Tamuz!

"Até minha própria Belém, como ela é agora, esse lugar mais venerável do mundo do qual canta o salmista: a verdade surgiu da terra, foi obscurecida por um bosque de Tamuz, isto é, de Adônis; e na mesma caverna onde o bebê Cristo chorou pela primeira vez eram feitas lamentações ao amante de Vênus." – Jerônimo para Paulino Carta 58.3. Carta 58.3.


Além do deus babilônio Tamuz, Hermes e Mitra estão entre as inúmeras divindades pagãs nascidas em cavernas séculos antes de Jesus ter feito sua aparição subterrânea. Não é de surpreender que Justino (Diálogo com Trifão, 70) acusou a "serpente enganadora" de imitação preemptiva!..

Ao contrário de Mateus, Lucas não apela ao profeta judeu Miqueias ou qualquer outro profeta na sua história da natividade; para Lucas, anúncios de anjos são suficientes. Todo o propósito do seu evangelho é apresentar um salvador aceitável ao mundo não-judaico ("Uma luz para iluminar os gentios..." diz o velho, mas ainda "vivo", profeta Simeão** no templo, que pelo menos pôde morrer em paz – Lucas 2.32). Assim, por exemplo, Lucas expande a fantástica genealogia de Mateus bem além do ancestral dos judeus (Abraão) até o progenitor de toda a humanidade (Adão). Na sua historinha da natividade, Lucas não introduz magos do oriente, mas pastores humildes. Essas pessoas rústicas representam a humanidade, recebendo de outro anjo a "boa nova" de que um "Salvador" nasceu (Lucas 2.10-11). Enquanto Maria permanecia calada nesse momento crucial (Lucas 2.19) – e os magos de Mateus saem rapidamente –, os pastores "espalharam ... tudo o que eles tinham escutado e visto ". Em outras palavras, "o homem comum" é a testemunha principal da mensagem maravilhosa, recebida dos céus, e do mais importante evento da "história" humana.

Curiosamente, não ouvimos mais nada sobre esses pastores que tiveram esse privilégio único!

 

"Partenogênese" – Nascer de uma Virgem, uma ideia popular

No mundo antigo, a virgindade tinha um prestígio hoje perdido, simplesmente porque ela era rara nas mulheres em idade matrimonial. As meninas eram tipicamente dadas em casamento no início da adolescência ou ainda mais cedo. Com a medicina da época, até as doenças mais banais podiam ser fatais e, portanto, a procriação era um dever social. Ser "estéril" era um estigma público para a mulher, como a Bíblia nos lembra frequentemente (Isaías 54.1; Lucas 1.25. etc.). Tanto no universo de Roma quanto nas sociedades além da fronteira, a maternidade (ou a morte no parto) vinha bem cedo. Assim uma virgem era considerada de certa forma especial, o que rapidamente se transformava numa aura de santidade. Sua fertilidade latente poderia ser dada a um deus para o bem da comunidade. Em Roma, as Vestais, que eram apenas seis, juravam à deusa protetora por trinta anos, mantinham o fogo eterno e cuidavam da segurança de toda a cidade. Não há dúvida de que esse culto surgiu de um ritual do fogo, simples e muito antigo.

O respeito, e até reverência, pela virgindade fazia supor comumente que essas mulheres castas tinham dons especiais (no caso das vestais, era profetizar, um talento que aparentemente também pertencia a Ana, uma virgem idosa no templo judaico que viu o menino Jesus (Lucas 2.36), e às quatro filhas virgens de Filipe, o evangelista! (Atos 21.9.) Dessas crenças, pode-se ver que "nascer de uma virgem" era especialmente promissor, um sinal muito forte dos deuses e que dava à criança nascida um status semidivino ou mesmo divino. Assim, nas fábulas de Roma, Rômulo e Remo, os fundadores da cidade, nasceram de Reia Sílvia, uma virgem Vestal (com a contribuição do deus Marte – Sílvia foi assim fecundada por um espírito!).

Não só as deusas eram servidas por virgens, como também se acreditava que elas eram virgens. Atena, Ártemis, Hera, entre outras, eram descritas como virgens, assim como a virgem Vesta. E também, um deus ter um filho com uma virgem humana não era incomum. Um exemplo clássico é o de Perseu, o preeminente herói grego, supostamente filho de Zeus com a virgem Dânae, filha do rei de Argos. O esperma divino dessa vez foi uma chuva de ouro.

Homens de ambição não demoraram a explorar a credulidade popular inventando uma fábula sobre sua própria origem. Suetônio relata uma história na qual Ácia, a mãe de Augusto, ficou grávida do futuro soberano mundial ao passar uma noite no templo de Apolo. No sonho dela, uma serpente foi a responsável pela gravidez (Os Doze Césares, Augusto, 94.). Sem dúvida, o astuto Augusto permitia com o maior prazer que essa besteira, tão respeitosa a ele, circulasse.

Invenções póstumas também tinham seu papel. Platão e Buda também teriam nascido de virgens segundo seus seguidores devotados e iludidos. E embora Apolônio de Tiana, o famoso filósofo neopitagórico, disse que ele tinha um pai, a crença popular, de acordo com Filóstrato (A Vida de Apolônio), era que "Proteu ... o deus do Egito" e o próprio Zeus tiveram um papel em sua concepção.

 

A natividade: uma trajetória de invenções

"A história de Belém em Lucas não complementa a de Mateus, preenchendo as lacunas, como se diz frequentemente. Pelo contrário, é um relato de diferença conflitante do início ao fim: diferente nos acontecimentos, personagens secundários, detalhes geográficos e históricos, e no estilo. Onde Jesus nasceu? Foi em Belém, em Nazaré ou quem sabe Séforis, Tiberíades ou Jerusalém? Não podemos saber com certeza porque aparentemente os próprios primeiros cristãos não sabiam."

– Steve Mason, Onde Jesus Nasceu? O Primeiro Natal, Biblical Archaeology Society, 2009.


O evangelho de Marcos não dá a entender que Jesus nasceu de uma virgem. Marcos faz referência à mãe de JC em apenas duas ocasiões e ambas também mencionam os vários irmãos de Jesus (3.31; 6.3) – dificilmente uma afirmação da virgindade de Maria ou mesmo de qualquer valor particular atribuído a ela.

Mateus mantém o segundo desses dois versículos (em 12.46.) mas introduz a ideia de que José não tinha tido relações com sua noiva através de duas frases: "antes de coabitarem" (1.18) e "sem que ele a tivesse conhecido" (1.25). A noção da virgindade de Maria só é introduzida na história com a citação pinçada de Isaías. Afinal, José poderia não ter "conhecido" Maria mas outro homem com certeza poderia tê-lo feito. Mas claro, o anjo do Senhor, num sonho, assegura ao homem traído que está tudo bem, a paternidade é do Espírito Santo. Prudentemente, Mateus imediatamente passa à história pós-natal dos "Sábios do Oriente".

Lucas, no entanto, não se contenta com a virgindade implícita de Mateus. Ele dispensa qualquer referência a uma "profecia de Isaías" e desde o início enfatiza "a uma virgem desposada ... O nome da virgem ..." (1.27). Mas Lucas tem outro truque na manga. João Batista tem um importante papel no evangelho de Marcos, uma história quase completamente copiada ao evangelho de Mateus. Nas duas versões, de forma bem razoável, João aparece primeiro já adulto.

Mas Lucas decide adicionar um preâmbulo ao nascimento de Jesus com uma historinha não muito diferente sobre o nascimento de João Batista. Zacarias e Isabel assumem um papel similar ao de José e Maria, com certas inversões. Isabel não é virgem mas é estéril. O anjo Gabriel aparece a Zacarias, assim como a Maria. Os dois ficam "perturbados" com a visão. Aos dois, o anjo diz, "Não temas", e nos dois casos o anjo declara qual deverá ser o nome da futura criança. Em cada um desses nascimentos, o filho trará gozo e "será grande".

Quase certamente, por razões estilísticas, entre outras, o prólogo da natividade foi adicionado posteriormente por outra pessoa que não foi quem escreveu a maior parte de Lucas. O preâmbulo de Lucas é o rufar de tambores para o evento principal, estrelando João como uma figura subordinada e descartável. É inteligente – mas certamente não é histórico.

 

 

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