A Genealogia de Jesus – Edição de Lucas

Como o homem-deus ganhou uma árvore genealógica falsificada

Jesus Never Existed The Imaginary Friend

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Kenneth Humphreys

 

04.02.15

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"... proibir... que se ocupassem com mitos e genealogias sem fim, que favorecem mais as discussões do que o plano da salvação de Deus na fé."

– 1 Timóteo 1.4.

 

 

Reinício: Noé e o dilúvio

Deus ficou muito irritado com os "gigantes, filhos de Deus e filhas de homens" originais, sem mencionar os animais, seres rastejantes e aves do céu. Ele resolveu matar todo mundo.

Noé, apenas, era justo e perfeito. Com sua mulher, três filhos e suas esposas, a família repovoou o mundo. Pode crer.

 

 

A Genealogia de Jesus –
Edição de Lucas

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3.23 E ao iniciar o ministério Jesus tinha [uns] trinta anos, sendo filho, segundo se pensava, [de] José,
[filho] de Eli,
24 [filho] de Matat,
[filho] de Levi,
[filho] de Melqui,
[filho] de Janai,
[filho] de José,
25 [filho] de Matatias,
[filho] de Amós,
[filho] de Naum,
[filho] de Esli,
[filho] de Nagai,
26 [filho] de Maat,
[filho] de Matatias,
[filho] de Semei,
[filho] de Josec,
[filho] de Jodá,
[filho] 27 de Joanã,
[filho] de Resa,
[filho] de Zorobabel,

[filho] de Salatiel,
[filho] de Neri,
28 [filho] de Melqui,
[filho] de Adi,
[filho] de Cosã,
[filho] de Elmadã,
[filho] de Er,
29 [filho] de Jesus,
[filho] de Eliezer,
[filho] de Jorim
[filho] de Matat,
[filho] de Levi,
30 [filho] de Simeão,
[filho] de Judá,
[filho] de José,
[filho] de Jonã,
[filho] de Eliaquim,
31 [filho] de Meleia,
[filho] de Mena,
[filho] de Matatá,
[filho] de Natã,

[filho] de Davi,
32 [filho] de Jessé,
[filho] de Obed,
[filho] de Booz,
[filho] de Salá,
[filho] de Naasson,
33 [filho] de Aminadab,
[filho] de Admim,
[filho] de Arni,
[filho] de Esron,
[filho] de Farés,
[filho] de Judá,
34 [filho] de Jacó,
[filho] de Isaac,

[filho] de Abraão,
[filho] de Taré,
[filho] de Nacor,
35 [filho] de Seruc,
[filho] de Ragau,
[filho] de Faleg,
[filho] de Éber,
[filho] de Salá,
36 [filho] de Cainã,
[filho] de Arfaxad,
[filho] de Sem,
[filho] de Noé,

[filho] de Lamec,
37 [filho] de Matusalém,
[filho] de Henoc,
[filho] de Jared,
[filho] de Malaleel,
[filho] de Cainã,
38 [filho] de Enós,
[filho] de Set,
[filho] de Adão,
[filho] de Deus


 

 

 

 

 

 

 

 

 

Lucas 3.33 –
Verdade evangélica?

* Os manuscritos Alexandrino, Bezae, Vetus Latina, e o Peshitta siríaco têm a sequência: Arão – Aminadab.

A redação original do Sinaítico diz Arni – Admim – Adão.
Alguns unciais gregos, e também algumas versões cópticas e etíopes, dizem Jorão – Arão – Aminadab.
Uma redação corrigida do Sinaítico diz Arni – Admim – Aminadab..^

 

 

 

 

Zorobabel promovido a rei?

Zorobabel foi feito governador da província de Yehud (Judá) pelo rei persa Ciro (c. 530 aC). Muitas vezes se atribui a ele a reconstrução do templo e a restauração da dinastia davídica.

"'Naquele dia – oráculo do Senhor Todo-poderoso – tomarei Zorobabel filho de Salatiel, meu servo, e farei de ti um anel de selar; porque foi a ti que escolhi – oráculo do Senhor Todo-poderoso'" – Ageu 2.23.


Mas a história da restauração perde o fôlego. Depois dela, entram os purificadores étnicos, Esdras e Neemias (c. 430).

 

 

 

 

 

 

 

 

A Genealogia de Davi –
Edição de Rute


"Esta é a genealogia de Farés: Farés foi pai de Hesron.
Hesron, pai de Ram. Ram, pai de Aminadab.
Aminadab, pai de Naasson. Naasson, pai de Salmon.
Salmon, pai de Booz. Booz, pai de Obed.
Obed, pai de Jessé. Jessé, pai de Davi
."

– Rute 4.18-22.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Macabeus – Diversão para toda a família

"Matatias e seus amigos percorreram o país destruindo os altares e circuncidando à força os meninos incircuncisos que encontravam no território de Israel."

– 1 Macabeus 2.45-46.

 

 

 

 

Macabeus

Fineias (neto de Aarão)

Jaquim
Joarib
Jedaías
Hasmon
Simão
Yohannan (João)
Matatias

filhos*:
Judas (Yehudah)
Jônatas (Yehonatan)
Simão
filho:
João Hircano I
filho:
Aristóbulo Filo-heleno I
irmão:
Alexandre Janeu
viúva:
Salomé Alexandra
filhos:
João Hircano II**
sobrinho:
Antígono
(deposto por Herodes)


*   Também: Eleazar, João
** Oposto pelo irmão Aristóbulo II

 

 

 

 


Josefo

Simão Pselo
Matias Eflias
Matias Curto
José
Matias
Josefo
filhos:
Hircano, Justo, Simão Agripa

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Genealogia de Lucas: primeiro, vira de ponta-cabeça ...

O escritor de Lucas, sabendo dos problemas com a linhagem de Mateus, fez uma nova tentativa de inventar uma linhagem para Jesus e conseguiu se esquivar da maioria das dificuldades. Ao contrário de Mateus, que introduz sua genealogia de Jesus num preâmbulo à história auspiciosa sobre o nascimento, Lucas introduz sua genealogia muito mais à frente, depois de o herói já adulto ser batizado. Nesse ponto, João Batista já está na prisão e Jesus está prestes a começar sua missão.

De Adão a Noé

Noé tinha mais de 500 anos de idade quando ele construiu a arca e ele viveu mais 350 anos depois do dilúvio (Gênesis 9.28,29).

Essa besteira serve como a parte mais "segura" da genealogia de Jesus!

Gênesis/
Crônicas

Adão
Set
Enos
Cainan
Malaleel
Jared
Henoc
Matusalém
Lamec
Noé

Lucas

 1. Adão
2. Set
3. Henós
4. Cainan
5. Malaleel
6. Jared
7. Henoc
8. Matusalém
9. Lamec
10. Noé

Por que essa colocação estranha? Talvez por um motivo relacionado a outra escolha não usual de Lucas: a genealogia dele é a única que vai de trás para frente.

Concordando com a sua ideia de que Jesus é um salvador de toda a humanidade e não apenas do Povo Escolhido, Lucas estende sua genealogia até o primeiro homem, Adão, o Filho de Deus original. Para a época lendária que vai de Adão até Davi, Lucas segue de perto a linhagem encontrada em Gênesis e Crônicas, e ele concorda com Mateus sobre os descendentes intermediários de Abraão.

A diversão começa com os filhos de Davi. Sem motivo óbvio, Lucas leva a linhagem real através do filho de Davi Natã, um dos 19 irmãos no mínimo (o número não inclui "filhos de suas concubinas"). Natã é o terceiro de quatro filhos que Davi teve com Betsabé, e portanto é um irmão mais velho, paterno e materno, de Salomão. Mas além de ter seu nome listado em Samuel e Crônicas, esse Natã não é mencionado mais em lugar nenhum na escritura judaica. Ele é um zero à esquerda, um irmão no meio de muitos que não se torna rei.

A curiosidade é que um Natã tem um papel muito importante nas carreiras dos reis Davi e Salomão – mas não é o filho de Davi e sim Natã o Profeta. É este Natã que leva a promessa de Deus do reino eterno de Davi (2 Samuel 7), condena o pecado de Davi com Betsabé (2 Samuel 12) e garantiu que Salomão se tornasse o sucessor (1 Reis 1). O profeta até intervém quando Adonias, outro irmão de Salomão, o desafia ao trono. O papel fundamental do xará ilustre é certamente o motivo pelo qual Lucas escolheu aquele filho obscuro como ancestral de Jesus.

 

Lucas imita a magia furada de Mateus

Lucas, como Mateus, também observou a ciência oculta dos números mágicos, especialmente sete, o número da "perfeição espiritual".

De Adão a Abraão, Lucas determina que existem três conjuntos de sete gerações. Mas para conseguir isso, Lucas teve que introduzir um segundo Cainã entre Arfaxad e Salé não encontrado na escritura hebraica (Lucas 3.36 cf. Gênesis 10.24; 11.12-13 / 1 Crônicas 1.24). Este Cainã é encontrado na Septuaginta (LXX) mas está ausente do texto massorético hebraico. Claramente, Lucas – como Mateus – estava baseando sua genealogia na tradução grega – e não num texto que ele tinha encontrado no Templo!

De Noé a Abraão

Gênesis/ Crônicas

Noé
Sem
Arfaxad
-
Salé
Héber
Faleg
Réu
Sarug
Nacor
Taré
Abraão

 

Lucas


10. Noé
11. Sem
12. Arfaxad
13. Cainã
14. Salá
15. Éber
16. Faleg
17. Ragau
18. Seruc
19. Nacor
20. Taré
21. Abraão

Outros dois conjuntos de sete trazem a linhagem real até Davi. Novamente, Lucas introduz um nome adicional: "Admim, o filho de Arni" (as primeiras cópias manuscritas do versículo 3.33 variam imensamente; algumas pulam uma geração *). Mais outros três conjuntos de sete levam a linhagem de Natã até Salatiel e a época do exílio.

Assim Lucas restaura o número de gerações depois de Davi, até Salatiel inclusive, às vinte e uma gerações listadas em Crônicas (comparadas a meras quinze gerações encontradas em Mateus). Mais três conjuntos de sete nomes a partir de Zorobabel, cobrindo a época pós-exílio, completam a linhagem de Lucas e chegam a Jesus, sendo este a 77ª geração – duplo 7 – que perfeição maravilhosa!

Com esse esquema astuto, Lucas realinhou (e corrigiu) o auspicioso número de quarenta e duas gerações em Mateus, mas na lista de Lucas agora existem quarenta e duas gerações até Jesus – não a partir de Abraão, mas depois de Davi!

A interpretação poética da história sagrada não deixa de ter seus problemas. Como Lucas usou Natã para fazer uma bifurcação na linhagem real, ele teve que achar inspiração para vários nomes. Bizarramente, ele retorna à linhagem usual depois do exílio com Salatiel e Zorobabel, mas a partir daí, como nem Crônicas nem Mateus ajudam, Lucas novamente é obrigado a inventar uma série de nomes, começando com um filho desconhecido de Zorobabel chamado Resa e terminando com José, o marido de Maria, que para Lucas não é o filho de Jacó e sim o filho de um desconhecido Heli.

Se o evangelho de Lucas tivesse suprimido completamente o trabalho de seu rival Mateus, nada disso importaria. Mas como o acordo que uniu a igreja primitiva manteve quatro evangelhos (dois sem nenhuma genealogia e dois com genealogias radicalmente diferentes), essa mesma igreja teve que racionalizar as "aparentes" discrepâncias.

 

Será que Lucas dá a genealogia de Maria?

"Pensava-se universalmente que a genealogia em Lucas era a de José."

– Philip Schaff, Nicene and Post-Nicene Fathers, NPNF2-01.


"Matã, que descendia de Salomão, gerou Jacó. E quando Matã morreu, Melqui, que descendia de Natã gerou Eli com a mesma mulher. Eli e Jacó eram portanto irmãos uterinos. Eli morreu sem filhos e Jacó deu descendência a ele, gerando José, naturalmente seu filho, mas legalmente o filho de Eli. Assim José era filho de ambos."

Eusébio, História da Igreja, 1.7.15..


Eusébio deve a Júlio Africano (Epístola a Aristides), um escritor cristão do século III, uma solução engenhosa da "alegada discrepância" entre as genealogias apresentadas por Mateus e Lucas. Parece que dois homens se casaram com a mesma mulher e cada um dos dois teve um filho. Os dois filhos cresceram e se casaram com a mesma mulher – e o resultado foi José, o marido de Maria – "embora não conhecemos testemunho que corrobora isso," adiciona Eusébio.

De Abraão a Davi
  Mateus

1. Abraão
2. Isaac
3. Jacó
4. Judá
5. Farés
6. Esron
7. Aram

8. Aminadab
9. Naasson
10. Salmon
11. Booz
12. Obed
13. Jessé
14. Dav
i

  Lucas

21. Abraão
22. Isaac
23. Jacó
24. Judá
25. Farés
26. Esron
27. Arni/ Arão /Rão
28. Admim
29. Aminadab
30. Naasson
31. Salá
32. Boaz/Booz
33. Obed
34. Jessé

35. Davi



Mas de qualquer forma, autores antigos concordavam unanimemente que ambas as genealogias referiam-se a José, uma interpretação natural dos textos e de fato uma conclusão corroborada em outro lugar pelo próprio Lucas:

"No sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia, chamada Nazaré, a uma virgem desposada com um homem que se chamava José, da casa de Davi e o nome da virgem era Maria."

Lucas 1.27-28.


"Também José subiu da Galileia, da cidade de Nazaré, à Judéia, à Cidade de Davi, chamada Belém, porque ele era da casa e família de Davi ..."

Lucas 2.4


Por tudo isso, João de Damasco, um cristão trabalhando para o califado do século VIII e autor da Assunção de Maria, defendia a veneração de Maria com base na sua ascendência "Davídica". Essa noção ganhou lugar dentro da igreja junto com a promoção da própria Santa Virgem. A ideia, apesar de comum entre os cristãos atuais, é bastante errada – bem como contradita frontalmente por séculos de entendimento da igreja.

Não apenas Lucas reitera que José tem ascendência Davídica, como também ele não sugere em lugar nenhum o mesmo de Maria. Pelo contrário, Lucas faz de Maria uma parenta de Isabel, a qual é uma descendente da família sacerdotal de Aarão (Lucas 1.5,6). Isabel também é casada com Zacarias, ele próprio um levita da classe de Abias, assim chamada em homenagem a um sacerdote que retornou do exílio com Zorobabel. O que se infere claramente é que Maria tem sangue sacerdotal, e não real.

Além disso, a genealogia traçada pelo lado materno não é característica do Judaísmo. Lucas deixa muito claro que ele está traçando a ascendência de Jesus através de José e é apenas a existência de uma ascendência contraditória em Mateus que estimula os apologistas a ignorar a interpretação natural de Lucas e oferecer uma alternativa inviável.

 

Outros problemas com a "genealogia de Jesus"

Oops! Apesar da maldição de Deus (Jeremias, 22), Salatiel o filho de Jeconias conseguiu sim governar Judá, bem como seu filho Zorobabel! José evidentemente descende de uma linha de reis amaldiçoada!

Em vez de ignorar esse fato, alguns apologistas usam "a maldição de Deus a Jeconias" para argumentar afirmando que a linhagem natural terminou com o exílio e que o "direito legal" foi transferido a "Salatiel da casa de Natã" (uma contradição gritante de Mateus 1.12) e que Zorobabel e seu pai foram pessoas completamente diferentes de seus xarás famosos! Essa lógica distorcida significaria que a genealogia em Lucas não passou pelos amaldiçoados e "provou" a verdade do anátema de Deus..


Será que Heli é o sogro de José?

De Davi a Josias

1 Crônicas 3

Davi
Salomão

Roboão
Abias (Abião)
Asa (Asaf)
Josafá
Jorão (Jeorão)

Ocozias (Jeoacaz)
Joás (Jeoás)
Amasias

Azarias (Ozias)

Joatão
Acaz
Ezequias
Manassés
Amon
Josias


Mateus 1:6-16

14. Davi
15. Salomão

16. Roboão
17. Abias
18. Asa
19. Josafá
20. Jorão

"e Jorão foi pai de Ozias"

21. Ozias

22. Joatão
23. Acaz
24. Ezequias
25. Manassés
26. Amon
27. Josias



Lucas 3:21-31

35. Davi
36. Natã

37. Matatá
38. Mena
39. Meleia
40. Eliaquim
41. Jonã

42. José
43. Judá
44. Simeão

45. Levi

46. Matat
47. Jorim
48. Eliezer
49. Jesus
50. Er
51. Elmadã

 

Lucas introduziu Heli (ou Eli) como o pai de José: "José filho de Heli" é claro o suficiente. Mas novamente isso é uma contradição frontal com "Jacó gerou José" em Mateus.

Para resolver esse enigma, os defensores da fé usam a sintaxe grega ("de" em vez de "gerou") para insistir que, quando Lucas diz de, ele quer dizer na verdade "genro". Aparentemente, é Maria que é filha de Heli, e não José – embora o Protoevangelho de Tiago do século II diz que o pai de Maria se chama Joaquim (e a mãe dela é chamada Ana).

Esse problema obriga os apologistas a se contorcerem mais ainda: Heli, eles dizem, é uma abreviação de Heliaquim, que no hebraico é equivalente ao nome Joaquim. Mas um pouco atrás na sua genealogia, Lucas lista um Eliaquim (filho de Meleia), sem abreviação – e Mateus, também, tem um Eliaquim (filho de Abiud).

O mesmo truque do "genro" é usado por alguns para trazer Salatiel de volta à linhagem de Salomão, afirmando que Salatiel era apenas o genro de Neri. Então novamente, dando um passo questionável tentando autenticar a genealogia em Lucas, outra sugestão é que Lucas usou a genealogia de Cléofas (marido ou pai da Maria que é irmã de Maria!). Uma "tradição da Igreja" identifica o obscuro Cléofas como sendo o meio-irmão mais novo de José, e assim pode-se dizer que esse é o cara que é filho de Heli!

Os jogos que podem ser feitos com supostos laços de sangue, genros, sogros, mortes sem deixar filhos, e casamentos leviratos são intermináveis, porque nada pode provar ou refutar tais especulações baseadas na fé. E tudo isso para refutar uma contradição gritante e vergonhosa entre duas genealogias igualmente espúrias.

 

De ONDE eles tiraram suas ideias?

As fontes de Lucas: "Como descrito nos registros públicos" ?

"Herodes, visto que a linhagem dos israelitas não dava nenhuma vantagem a ele, e como ele estava incitado pela consciência de sua própria origem plebeia, queimou todos os registros genealógicos, pensando que ele poderia parecer de origem nobre se ninguém mais pudesse, a partir dos registros públicos, traçar sua genealogia até os patriarcas.."

– Eusébio, História da Igreja, 1.7. citando Júlio Africano.


A ideia de que Lucas – ou Mateus – tiveram acesso a "registros de ascendência cuidadosamente mantidos" para seu carpinteiro galileu heroico é uma completa besteira. Certamente, a escritura judaica fornecia uma suposta linhagem dos patriarcas da época lendária – mas qualquer um podia se dizer descendente desses figurões. Bem mais pertinentes à linhagem de José (ou Maria) eram os séculos imediatamente anteriores – e aí é que aparecem as maiores dificuldades. Até Josefo, o historiador do século I que era um judeu orgulhoso de sua linhagem, teve dificuldade em estabelecer seus ancestrais além de algumas poucas gerações.

De Josias a Salatiel

1 Crônicas

Josias

Jeoacaz =Selum
(3 meses apenas)

Joaquim =Eliaquim
(609-598)

Jeoaquin=Jeconias
(3 meses antes do exílio)

Sedecias (=Matanias)

Mateus 1

27. Josias

"Josias foi pai de Jeconias e de seus irmãos no exílio da Babilônia."

28. Jeconias

"E depois do exílio da Babilônia, Jeconias foi pai de Salatiel; Salatiel, pai de Zorobabel."

Lucas 3

51.Elmadã

52. Cosã

53. Adi


54. Melqui

 

55. Neri




Salatiel 29. Salatiel 56. Salatiel(Shealtiel)

Josefo diz ter – assim como Lucas diz de Jesus! – tanto ascendência sacerdotal quanto real. Josefo diz que ele descendeu dos Asmoneus pelo lado materno mas então dá uma genealogia pelo lado do pai, não da mãe.

Uma característica tanto da genealogia de Jesus em Lucas quanto da ascendência de Josefo é a alternância repetida de pais e filhos chamados "José" e "Mateus" (ou variações).

Josefo lista entre seus ancestrais imediatos três Matias e um José. Lucas lista dois Matatias, um Matatá, dois Matat, um Maat e três Josés!

É notável que a figura fundadora dos Macabeus era ele próprio um Matatias – sem dúvida o motivo da popularidade do nome naquela geração – e que a dinastia tomou seu nome de um Asmoneu do qual Josefo também disse ser descendente!

"Eu não apenas vim de uma família sacerdotal... como também, pela minha mãe tenho sangue real. Pois os filhos de Asamoneu, do qual essa família foi derivada, tiveram tanto o cargo de alto sacerdote quanto a dignidade de um rei, por um longo tempo."

– Vida, 1.2

Em sua autobiografia, Josefo nos diz que ele nasceu no primeiro ano do reinado de Caio César, isto é, 37 dC. Seu pai Matias, ele diz, nasceu no décimo ano do reinado de Herodes Arquelau, isto é, 6 dC. Seu avô José, Josefo registra que nasceu no nono ano do reinado da Rainha Alexandra, que se estiver correto (67 aC) significaria que seu avô gerou seu pai depois dos setenta anos de idade.

Será que Josefo pulou uma geração?

Similarmente, o bisavô de Josefo, Matias Curto, nascido aparentemente no primeiro ano do reinado de Hircano (134 aC), estaria na sétima década de vida quando seu filho nasceu. E isso é o máximo aonde vai Josefo. Ele certamente não se aventura na era antes dos Asmoneus.

 

Ascendência criativa

Uma preocupação principal de Josefo em todo seu trabalho é estabelecer a antiguidade dos judeus. Ele explica a diligência com a qual os sacerdotes mantinham seus registros ancestrais. Era, afinal, uma questão de pureza racial:

"Pois nossos antepassados ... faziam o que era necessário para que o conjunto dos sacerdotes continuasse puro e sem misturas; pois aquele que exerce o sacerdócio deve tomar uma esposa da mesma nação, sem dar consideração alguma a dinheiro, ou qualquer outra dignidade; mas ele deve fazer um escrutínio, e obtém a genealogia da esposa por antigos registros, e adquire muitas testemunhas para isso.

E esta é a nossa prática não apenas na Judeia, mas onde quer que qualquer pessoa da nossa nação viva; e até aquele exato catálogo dos casamentos de nossos sacerdotes é guardado; eu digo no Egito e na Babilônia, ou em qualquer outro lugar do resto do mundo habitável, onde nossos sacerdotes estejam dispersos; pois eles enviam a Jerusalém os nomes antigos de seus pais por escrito, bem como de seus ancestrais mais remotos, e indicam quem são as testemunhas também."

– Contra Apião 1.7.


Após afirmar essa grande exatidão, o historiador está ciente que exércitos saqueadores, conquistas estrangeiras, a destruição do templo, e o exílio foram fatais para a preservação dos muito alardeados registros ancestrais. Ele reconhece a repetida destruição dos registros – por Antíoco, Pompeu, Varus e em guerras "que aconteceram em nossos próprios tempos". Mas, diz Josefo, a vontade divina assim o permitiu:

De Salatiel a José

1 Crônicas 3

Salatiel
Zorobabel

Mosolam

Hananias
Faltias
Jeseías
Rafaías
Arnã
Abdias
Sequenias
Naarias
Elioenai

Após nomear sete filhos de Elioenai, a linha davídica escrita e atualizada pelo "Cronista" (século 4 aC?) para por aí.


Mateus 1

29. Salathiel
30. Zerubbabel

31. Abiud

32. Eliacim

33. Azor

34. Sadoc

35. Achim

36. Eliud

37. Eleazar

Lucas 3

56. Salatiel
57. Zorubabel

58. Resa

59. Joanã
60. Jodá
61. Josec
62. Semei
63. Matatias
64. Maat
65. Nagai
66. Esli
67. Naum
68. Amós
69. Matatias
70. José
71. Janai
72. Melqui
73. Levi


38. Matã
39. Jacó

"Jacó foi pai de José ... "Mateus 1.16.

40. José
41. Jesus

74. Matat
75. Heli

"... José, que era o filho de Heli." – Lucas 3.23.

76. José
77. Jesus

"Os sacerdotes que sobrevivem compõem novas tabelas de genealogia a partir dos registros antigos, e examinam as circunstâncias das mulheres que restam …

... pois a cada um não é permitido de seu próprio consentimento ser um escritor, nem existe alguma divergência no que se escreve; sendo somente dentre os profetas os que têm escrito os originais e primeiro relatos das coisas, conforme informados pelo próprio Deus por inspiração"

– Contra Apião 1.7.


Embora Josefo disfarça o máximo possível, é evidente que a inventividade dos sacerdotes e a "inspiração divina" restauram registros destruídos ou inexistentes – uma metodologia que não deixou de ser usada pelos autores dos evangelhos que escreveram sua fábula depois que o templo tinha sido mais uma vez destruído totalmente por um novo calhorda, Tito César!

E em tudo isso estamos falando da genealogia de sacerdotes – não de carpinteiros!

 

Linhagens – Davídica, Asmoneia e Herodiana

Messias davídico se tornou obsoleto com os eventos – e foi restaurado pelo desastre

No interlúdio entre o mítico Davi e o imaginário Jesus, tanto os Asmoneus quanto os Herodianos governaram como reis em Judá. Nenhuma dessas dinastias era de linhagem davídica nem mesmo da tribo de Judá. Os Asmoneus eram levitas, a tribo sacerdotal de Joarib. Os Herodianos eram de ascendência Idumeia/Edomita, dificilmente podendo ser considerados judeus.

Se a noção de uma "linha davídica", assim chamada, tinha servido como um foco de coesão tribal durante o período de Josias, a época do exílio, e até o início do período persa, essa utilidade tinha se perdido na era grega. Não apenas a helenização atraiu a fidelidade de uma grande parte da população, como também a ressurgência nacional, quando veio, foi liderada pela linha de um sacerdote levita, Matatias. Na época em que os macabeus tinham eles próprios se tornado uma dinastia odiada, as ideias relacionadas com o esperado e "profetizado" salvador nacional tinham se tornado mais ambivalentes, uma incerteza agravada pelos romanos e seu rei vassalo idumeu Herodes.

Em nenhum lugar a escritura hebraica prescreve sem ambiguidades que o messias viria da linha de Davi. Assim, um messias vindo da linha de Davi pode ser derivado de Jeremias, o profeta do exílio, e também dos sectários antiasmoneus de Qumran.

"Naqueles dias, naquele tempo, farei germinar para Davi um germe justo, que exercerá o direito e a justiça nesta terra."

– Jeremias 33.15.

"…até que venha o Messias da Justiça, o Rebento de Davi. Pois a ele e à sua descendência é dada a Aliança do reino de seu povo que ele manterá por gerações sem fim ..."

– 4Q 252 6:2-3.

 

Por outro lado, o Testamento dos Doze Patriarcas previu um messias sacerdotal, e não real. Em outros lugares, um "homem de justiça" – um que julgaria os justos e os maus – era a pauta do dia. Eram então, talvez, uma, duas, ou até três, figuras que anunciariam a salvação de Israel?

Durante o período herodiano os livros de Enoque juntaram várias noções de um "Filho de Homem", um "Eleito", "o Ungido", "Filho de Davi" e o "Justo" em uma única pessoa superlativa (mas não ainda uma personagem chamada Jesus). Esperava-se que o messias cumprisse papéis proféticos, mundanos e sacerdotais.

Mas então outros judeus eram realistas políticos, não messiânicos iludidos. Enquanto a dinastia herodiana continuou existindo, várias famílias aristocratas disputavam o controle da economia do templo, entre elas as famílias de Anano, Boeto e dos asmoneus sobreviventes. Josefo, notavelmente, considerou que os antigos oráculos foram cumpridos com o imperador romano Vespasiano. Com a destruição de Jerusalém e de grande parte da Judeia, a maioria da população se acomodou com a Pax Romana.

A "ideia louca" de rebelião finalmente passou com a derrota da rebelião de Simão ben Kochba em 132-135 e o fim da nação judaica. Embora Bar Kochba ("filho da estrela") tinha apoio rabínico à sua reivindicação messiânica, em nenhum lugar foi dito que ele era da linha de Davi. Claramente, a noção cristã de que um candidato a messias tinha que ser de linhagem davídica não era de forma alguma uma crença largamente aceita.

No século II, depois das guerras desastrosas, as genealogias judaicas continuaram existindo, mas apenas como fantasias piedosas que davam respaldo ao que diziam vários sábios rabínicos. Essas linhagens inventadas se inspiraram no mito de uma saudosa Era Dourada, quando os ancestrais deles tinham triunfado e dominado de "mar a mar". Os supostos herdeiros rabínicos da linha davídica tomaram o título "Nasi" ("príncipe"), e Maimônides, do século 12, também é dito da linha davídica. Mas a maior de todas as reivindicações ao sangue e à ascendência de Davi é aquela sobre o homem-deus dos cristãos, Jesus, encontrada nos evangelhos de Mateus e Lucas.

 

Parte 1 - A Genealogia no Evangelho de Mateus

 

 

Bibliografia:
Eusebius Pamphilius, The History of the Church, c.324 AD (Digiread, 2005)
Keith Whitelam, The Invention of Ancient Israel (Routedge. 1997)
John Rogerson, Chronicle of the Old Testament Kings (Thames and Hudson,1999)
James Tabor, The Jesus Dynasty (HarperElement, 2006)
Robert Price, The Incredible Shrinking Son of Man (Prometheus, 2003)
Michael Grant, The History of Ancient Israel (Weidendfeld & Nicolson, 1996)
Genesis, Exodus, Samuel, Kings, Joshua, Ruth, Chronicles,

 

 

 

 

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