As genealogias encontradas em Gênesis fornecem a ligação necessária entre os seis dias da criação divina, os descendentes de Noé depois do Dilúvio, e as narrativas fundamentais de Abraão e dos Patriarcas. A história sagrada continua nos livros de Êxodo, Josué e Juízes até a era davídica. É uma história falsa de uma era pré-histórica.
Numa época posterior e menos fabulosa, as genealogias mantiveram sua importância. Uma ascendência nobre fortalecia as pretensões de um governante e era útil àqueles que aspiravam ao poder. Uma suposta linhagem antiga legitimava as autoridades sacerdotal e real, justificava as vastas disparidades de riqueza, e era a base para a atribuição de lugares e precedências nas hierarquias políticas e do templo.
Os judeus estavam longe de ser os únicos a dar tal importância a genealogias. Os gregos e os romanos, também, tinham casas nobres que diziam ser descendentes de progenitores heroicos, até mesmo divinos. Júlio César, por exemplo, dizia descender da deusa Vênus. A aristocracia sacerdotal dos judeus, no entanto, enfatizava acima de tudo a ordem divina de manter a pureza racial. Eles tinham o dever religioso de preservar a linhagem do povo eleito, evitando que ela se contaminasse com sangue estrangeiro – e esses estrangeiros poderiam viver a apenas alguns quilômetros de Jerusalém. De acordo com Deuteronômio 23.3, os moabitas – um povo da costa leste do Mar Morto – deviam ser excluídos da comunidade de Israel "até à décima geração", uma determinação que, se tivesse sido cumprida à risca, teria excluído o próprio Rei Davi, um bisneto da moabita Rute!
Mas se as elites sociais e sacerdotais mantinham com esmero seus registros ancestrais e os redigiam criteriosamente, as pessoas comuns não tinham tais registros. Camponeses analfabetos e artesãos, especialmente aqueles em povoados obscuros longe de Jerusalém, não tinham tais genealogias e pode-se duvidar que eles conseguissem lembrar ancestrais além de algumas poucas gerações, isso se eles soubessem quem era seu pai.
Então como é que um carpinteiro pobre da Galileia ganhou uma genealogia que traça sua ascendência até a origem de toda a raça humana?
Um simples carpinteiro com uma árvore genealógica de 3500 anos?
Todos os figurões de Adão até Noé viveram vários séculos, a maioria deles por mais de 900 anos! Coletivamente, essas criaturas fabulosas representam 1.500 anos de "história" antediluviana. Eles viveram tanto tempo que Adão e oito gerações subsequentes estavam vivos simultaneamente na época de Lamec, o pai de Noé.
Essa besteira insuperável é a parte mais antiga da genealogia de Jesus – pelo menos de acordo com o evangelho conhecido como Lucas. Claro, Jesus não teve um pai humano no sentido normal da palavra. O próprio Deus hebraico é nomeado como o pai, com o Espírito Santo no papel do esperma divino. Sabemos disso porque Lucas registra que o anjo Gabriel disse a Maria: "eis que conceberás ... O Espírito Santo virá sobre ti e o poder do Altíssimo te cobrirá com sua sombra." (Lucas 1.31,35).
Ser filho de um deus – um lugar-comum nas mitologias antigas – pode parecer que já é honra suficiente, mas no caso do carpinteiro galileu, ele ainda tem uma outra ascendência suprema. Jesus também era, aparentemente, um jovem herdeiro da casa real de Davi, a dinastia lendária que estabeleceu – e perdeu – um antigo império, cuja existência ninguém notou a não ser os judeus.
Mas e a época anterior à história fantástica do evangelista? Lucas se baseou no trabalho de seus antecessores.
Marcos – Não afirma descendência de Davi
O primeiro evangelho, Marcos, nada tem a oferecer em termos da genealogia de Jesus – além dos termos genéricos Filho do Homem e Filho de Deus. Marcos não registra sequer o nome do pai de Jesus. Para Marcos, Jesus era um homem justo, adotado por Deus no seu batismo. Seus parentescos humanos não eram relevantes e sua família foi desprezada (Marcos 3.31-35).
Um cego, Bar Timeu, se dirige a Jesus como "filho de Davi" (veja abaixo), mas o Jesus de Marcos nega qualquer afirmação de que ele seja de descendência davídica citando o Salmo 110 ("Disse Jeová a meu Senhor: `senta-te à minha direita, até que ponha teus inimigos como apoio de teus pés' "). Jesus alude à lógica simples de que um ancestral não pode também ser um descendente:
"Jesus disse ... "Como os escribas podem dizer que o Messias é filho de Davi? Se o próprio Davi o chama de 'Senhor', como pode ele ser seu filho?"
– Marcos 2.35-37.
O Jesus de Marcos na verdade nega que o messias devia ser de descendência davídica – uma ideia que tinha perdido terreno com o óbvio sucesso dos asmoneus, que não eram davídicos. A zombaria retórica de JC é seguida imediatamente por uma crítica ferrenha àqueles mesmos escribas e fariseus por gostarem de "andar com roupas compridas", seus privilégios, e por "devorarem as casas das viúvas". Mesmo quando a história se aproxima do clímax, JC permanece reticente em declarar-se rei::
"Pilatos perguntou-lhe, 'És tu o rei dos judeus?' Jesus respondeu, 'Tu o dizes.' "– Marcos 15.2.
No evangelho de Marcos, Jesus nunca se declara rei, mesmo nas suas frequentes referências ao Reino de Deus. A acusação de se declarar rei vem de seus detratores (Pilatos, soldados romanos, os criminosos nas cruzes). A história evangélica original não tinha o messias como descendente da "casa real de Davi" – ou de qualquer outra ascendência. Isso é um aprimoramento posterior..
Mateus faz de Jesus um verdadeiro judeu
De Abraão a Davi |
Crônicas |
Mateus |
1. Abraão
2. Isaac
3. Israel
4. Judá
5. Farés
6. Esron
7. Aram
8. Aminadab
9. Naasson
10. Salmon
11. Booz
12. Obed
13. Jessé
14. Davi |
1. Abraão
2. Isaac
3. Jacó
4. Judá
5. Farés
6. Esron
7. Aram
8. Aminadab
9. Naasson
10. Salmon
11. Booz
12. Obed
13. Jessé
14. Davi |
|
Mateus é o primeiro a introduzir uma genealogia à história de Jesus, e o escritor tem em mente uma audiência judaica, e não universal. Em um prefácio à sua historinha da natividade, a qual fala de sábios do oriente, infanticídio e uma estrela, Mateus liga o seu Jesus aos patriarcas hebreus e começa a sua linhagem de Jesus com Abraão, o pai da nação hebraica.
Para escrever as "gerações" até Zorobabel, o rei vassalo persa do século 6 aC, Mateus tirou informações dos livros de Gênesis e Crônicas mas ele claramente usou a Septuaginta (LXX), a tradução grega das escrituras hebraicas. Lá se vai para o ralo a história de Pápias sobre o suposto "original em aramaico" de Mateus!
Mateus tem a determinação de apresentar seu herói como o "cumprimento de profecias judaicas," e não como um guru admirado e inovador. Uma preocupação principal de Mateus é mostrar que Jesus realmente vem da linhagem real de Davi. Ungir um rei, certamente no caso de Davi, simbolizava que o espírito santo tinha descido nele, "tornando-o messias" (ele era o "ungido de Deus" e portanto, em grego, o christos).
"O Senhor disse a Samuel … Vou mandar-te a Jessé de Belém, pois escolhi um dos seus filhos para rei. … Jessé fez desfilar diante de Samuel os sete filhos … Restou ainda o caçula, que está guardando o rebanho … O Senhor então ordenou, "Levanta-te e unge-o, pois é este!" … Desde este dia o espírito do Senhor tomou conta de Davi."
– 1 Samuel 16.1-13.
É quase certo que Mateus, em sua forma original, imaginava Jesus como o filho natural de José e Maria – uma ideia certamente defendida por alguns dos primeiros cristãos.** Pelo menos um manuscrito preserva a redação que é provavelmente a original: "Jacó foi pai de José. José, a quem estava desposada Maria, a virgem, foi pai de Jesus, que é chamado Cristo." (Mateus 1.16, Palimpsesto Sinaítico Siríaco). O título de Cristo era hereditário e o escritor menciona que José, antes do nascimento de Jesus, era também um "Filho de Davi" (Mateus 1.20).
Afinal, se José não era o pai verdadeiro de Jesus, de que servia então a genealogia de José? Será que um homem-deus que supostamente descendia de todos os patriarcas e do Rei Davi realmente precisaria de uma segunda linhagem por adoção? Apenas mais tarde é que a concepção pelo Espírito Santo foi introduzida nessa história de Jesus, tornando redundante a linhagem de José..
Para Mateus, quem recebe orientações divinas é José, e não Maria. Em não menos do que quatro ocasiões, anjos aparecem em sonhos a José. O nascimento em si de Jesus fica quase em segundo plano e a história se desenrola rapidamente, com os avisos de anjos, a fuga para o Egito e a ida para Nazaré..
Brincando com números mágico
De Davi a Josias |
1 Crônicas 3
|
Mateus 1:6-16 |
Lucas 3:21-31 |
Davi
Salomão
Roboão
Abias (Abião)
Asa (Asaf)
Josafá
Jorão (Jeorão)
Ocozias (Jeoacaz)
Joás (Jeoás)
Amasias
Azarias (Ozias)
Joatão
Acaz
Ezequias
Manassés
Amon
Josias
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14. Davi
15. Salomão
16. Roboão
17. Abias
18. Asa
19. Josafá
20. Jorão
"e Jorão foi pai de Ozias"
21. Ozias
22. Joatão
23. Acaz
24. Ezequias
25. Manassés
26. Amon
27. Josias
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35. Davi
36. Natã
37. Matatá
38. Mena
39. Meleia
40. Eliaquim
41. Jonã
42. José
43. Judá
44. Simeão
45. Levi
46. Matat
47. Jorim
48. Eliezer
49. Jesus
50. Er
51. Elmadã
|
|
Mateus não se preocupa muito com a "exatidão" de sua genealogia, e sim com o simbolismo religioso dos números. Ele organiza sua "lista de reis" em três conjuntos de catorze para chegar num total de 42 gerações.
Mas por quê? A resposta está na gematria hebraica. O nome do Rei Davi (דוד) é igual a catorze (D = four, V= six, D= four), número esse que é o dobro da "perfeição espiritual" do sete. Assim a própria essência da história judaica, lida pelas lentes dos números mágicos, aponta para a vinda de Cristo.
O primeiro conjunto de catorze é consumado com o reino do próprio Davi, e até esse ponto Mateus segue Crônicas de perto.
O segundo conjunto de catorze – a linha real davídica passando por Salomão – ends at a low point, com Jeconias (ou Jeoaquin). Esse indivíduo desamparado é levado para o exílio na Babilônia e permanece lá por trinta e seis anos. Mas para manter seu simbolismo numérico, Mateus tem que omitir vários reis ao longo do caminho.
Assim, entre o rei do século 9 Jeorão e o rei do século 8 Uzias (ou Azarias), Mateus pula Acazias (ou Ocozias), Joás e Amasias. Ao chegar ao número catorze, Mateus então diz:
"... Josias foi pai de Jeconias e de seus irmãos no exílio da Babilônia." – 1.11.
É uma abreviação. O rei do século 7 Josias (639-609 aC) subiu ao trono ainda criança. Os sacerdotes, fortalecidos pelos exilados do reino destruído do norte de Israel, estavam em ascensão. Um monoteísmo particularmente intolerante foi proclamado, o culto de Yahweh no templo de Jerusalém substituiu todos os santuários locais, e uma história sagrada reinventada (Deuteronômio) foi "encontrada" justificando as reformas e a expansão para o norte..
Sacerdotes de Josias inventam a linha davídica
"Por ordem do Senhor, o profeta lançou este grito contra o altar: "Altar, altar! Assim fala o Senhor: 'Eis que nascerá um filho à casa de Davi, e seu nome será Josias. Ele imolará sobre ti os sacerdotes dos santuários das alturas que sobre ti ofereceram incenso, e ossos humanos serão queimados sobre ti.'" – 1 Reis 13.2.
Fundamental à nova mitologia era uma aliança com a divindade e uma "dinastia davídica" perpétua que partia do jovem Josias em direção ao passado. Assim, o rei malévolo Jeroboão foi avisado por um "homem de Deus" desconhecido que um filho nasceria à "casa de Davi" e torraria os malditos politeístas (1 Reis 13). Nesta versão original da historinha da "linha davídica" o herói profetizado é nomeado como sendo o próprio Josias. Outro elemento deste episódio inclui uma orientação divina ao profeta para que "não retornasse pelo mesmo caminho por onde veio" – da mesma forma com os "sábios do oriente"!
A "linha real de Davi" não era fato histórico e sim uma invenção da elite sacerdotal na corte do menino-rei Josias. Seu propósito era legitimar a ambição de Judá em conquistar o norte, que tinha sido tomado pelos assírios oitenta anos antes. Não havia nenhuma possibilidade de que Josias pudesse ter realmente traçado sua linhagem séculos no passado até o ancestral lendário. A genealogia era propaganda da corte. Mas mesmo que a linhagem não pudesse ser provada, como um dogma da escritura sagrada ela também não podia ser contestada. Infelizmente, Deus não cumpriu o contrato: quando tinha uns trinta anos, Josias foi morto por Neco II do Egito..
O primeiro filho de Josias foi Jeoacaz, que governou por três meses até ser deposto pelos egípcios. No lugar dele, o faraó colocou seu irmão Jeoaquim (ou Eliaquim) que governou por onze anos e (de acordo com 2 Reis) morreu durante o primeiro ataque a Jerusalém pelos babilônios. Foi o filho de Jeoaquim e neto de Josias, Jeconias, que cedeu a cidade e se exilou. Assim Mateus simplificou a história e transformou um neto num filho..
Mateus então prossegue omitindo um filho legítimo de Josias e tio de Jeconias – Zedequias (ou Matanias) – que governou Judá de 597 até 587. Foi a rebelião de Zedequias contra seu senhor babilônio que levou ao segundo ataque a Jerusalém por Nabucodonosor e à destruição da cidade e do templo. Trazido diante do Grande Rei, Zedequias viu seus filhos serem executados, foi cegado e então deportado à Babilônia.
Assim terminou a linha dos reis de Judá. Até Deus contribuiu com o choro da casa de Davi amaldiçoando Jeconias (bem, pelo menos de acordo com o profeta Jeremias):
"Porque ninguém de sua raça conseguirá sentar-se no trono de Davi e governar de novo em Judá." – Jeremias, 22.30.
Mateus coloca tudo isso dentro da simples frase "na época do exílio na Babilônia".
From Josiah to Salathiel
|
1 Chronicles
Josiah
Jehoahaz =Shallum
(3 mths only)
Jehoiakim =Eliakim
(609-598)
Jehoiachin=Jeconiah
(3 mths before exile)
Zedekiah (=Mattanyahu)
|
Matthew 1
27. Josias
"And Josias begat Jechonias and his brethren, about the time they were carried away to Babylon."
28. Jechonias
"And after they were brought to Babylon, Jechonias begat Salathiel; and Salathiel begat Zorobabel."
|
Luke 3
51.Elmodam
52. Cosam
53. Addi
54. Melchi
55. Neri
|
Salathiel |
29. Salathiel |
56. Salathiel (Shealtiel) |
|
Depois dos Reis de Judá
O último conjunto de catorze nomes na genealogia de Jesus é o mais problemático – e, como pode se mostrar, o mais pertinente para a veracidade do "Jesus histórico". Esse conjunto perfaz quinhentos anos de guerras, conquistas e destruições dos quais nem mesmo os profetas judeus conseguem montar uma cronologia convincente
Mateus precisa continuar a linha davídica a partir da Babilônia. É uma época em que os judeus estão subjugados pela nova superpotência, a Pérsia. Mas as fontes de Mateus são conflitantes. De acordo com o livro de Esdras, o "Príncipe de Judá" era agora Sheshbazzar:
"Ciro, rei da Pérsia, mandou entregá-los [objetos levados do templo de Jerusalém] a Mitridates, o tesoureiro, que por sua vez os entregou, bem conferidos, a Sasabassar, o príncipe de Judá." – Esdras 1.8.
No entanto, o livro de Ageu, descrevendo a mesma ocasião, nomeia "Zorobabel filho de Salatiel" como o governador de Judá (Ageu 1.1)..
Será que Sasabassar é um nome alternativo para Zorobabel? Não de acordo com Esdras 5, que deixa claro serem os dois pessoas distintas. Será que Sasabassar, talvez, seria um filho de Jeconias, o último rei da Judá independente? De acordo com Crônicas os descendentes de "Jeoaquin o prisioneiro" (Jeconias) foram "Shealtiel (Salatiel) seu filho, Melquiram, Fadaías, Senasser, Jecemias, Hosama e Nadabias".
Mas o mesmo texto prossegue listando Zorobabel não como o filho de Salatiel mas de Fadaías, seu irmão. (1 Crônicas3.17-18).
Assim temos três rotas possíveis para a "linha davídica": Jeconias através de Sasabassar; Jeconias através de Salatiel e então Zorobabel; e Jeconias através de seu irmão Fadaías e então Zorobabel. Esdras oferece ainda uma quarta opção. O escriba lista as famílias que tinham retornado do exílio::
"Estes são os chefes de família, com a respectiva genealogia, que partiram comigo da Babilônia, sob o reinado do rei Artaxerxes ... dos filhos de Davi, Hatus" – Esdras 8.2.
Esse Hatus é um cossignatário de um "documento selado" com Neemias, o governador, (Neemias 10.4) mas nem ele nem seus descendentes são mencionados novamente.
Mais tarde, Lucas adicionaria outra reviravolta: o pai de Salatiel afinal não era Jeconias e sim um desconhecido chamado Neri!
Mateus novamente simplifica tudo isso pelos interesses de seu plano sagrado.
"E depois do exílio da Babilônia, Jeconias foi pai de Salatiel; e Salatiel foi pai de Zorobabel."
– Mateus 1.12.
Mas ainda fica pior!
Quem é o Papai?
De Josias a Salatiel |
1 Crônicas 3 |
Mateus 1 |
Lucas 3 |
Salathiel
Zerubbabel
Mosolam
Hananias
Faltias
Jeseías
Rafaías
Arnã
Abdias
Sequenias
Naarias
Elioenai
Após nomear sete filhos de Elioenai, a linha davídica escrita e atualizada pelo "Cronista" (século 4 aC?) para por aí.
|
29. Salathiel
30. Zerubbabel
31. Abiud
32. Eliacim
33. Azor
34. Sadoc
35. Aquim
36. Eliud
37. Eleazar
|
56. Salathiel
57. Zerubbabel
58. Resa
59. Joanã
60. Jodá
61. Josec
62. Semei
63. Matatias
64. Maat
65. Nagai
66. Esli
67. Naum
68. Amós
69. Matatias
70. José
71. Janai
72. Melqui
73. Lev |
38. Matã
39. Jacó
"Jacó foi pai de José ... " - Mateus 1.16.
40. José
41. Jesus
|
74. Matat
75. Heli
"... José, que era o filho de Heli." – Lucas 3.23.
76. José
77. Jesus |
|
Mateus concorda com Crônicas que Salatiel foi o pai de Zorobabel mas tem uma ideia diferente sobre para onde vai a linhagem sagrada. Crônicas dá bastantes detalhes:
"Os filhos de Zorobabel: Mosolam e Hananias. Salomit era a irmã deles. Também houve cinco outros: Hasaba, Ool, Baraquias, Hasadias e Josab-Hesed."
– 1 Crônicas 3.19,20
Curioso que, dentre sete irmãos para escolher, em vez de escolher um deles, Mateus lista o filho de Zorobabel como sendo um tal de Abiud (1.13). Para deixar tudo ainda mais divertido, neste mesmo ponto Lucas diz que o filho de Zorobabel não era Abiud e sim Resa, outra figura desconhecida (3.27)!
Mas ainda fica pior!
À frente vem um período de quinhentos anos de domínios persa, grego, ptolomaico, selêucida, asmoneu, herodiano e romano. Mas além das histórias de Esdras e Neemias ambientadas no século 5 aC, nada se conhecia da "linha davídica" até o século 2 aC. As mudanças de regime durante essa metade de milênio foram radicais e incluíram o surgimento de duas dinastias não-davídicas – os macabeus e os herodianos.
Devido às revoluções frequentes, há sérias lacunas no registro histórico. Os registros do templo, e até o próprio templo, foram destruídos mais de uma vez. Claramente, isso obrigou o evangelista a depender da "inspiração divina", e no evangelho de Mateus, a descendência de Zorobabel, através de Abiud até José, passa por uma série de nomes desconhecidos em outras fontes. Mas para um período de tempo tão longo – no qual ocorreram múltiplas devastações – meros catorze nomes são absurdamente inadequados, menos de três nomes por século!
Mas existe mais outra dificuldade. Mateus diz que existem catorze gerações do exílio na Babilônia até o Cristo mas, bizarramente, o escritor perdeu a conta: ele lista apenas treze nomes. A genealogia de 42 gerações em Mateus, assim, acaba tendo apenas 41 gerações!
Finalmente, chegamos em "E Jacó foi pai de José ... "
Um escritor posterior, Lucas, considerou o esforço de Mateus insuficiente para seu nobre propósito e resolveu fazer uma revisão drástica.
Parte 2 - A Genealogia no Evangelho de Lucas
Bibliografia::
Eusebius Pamphilius, The History of the Church, c.324 AD (Digiread, 2005)
Keith Whitelam, The Invention of Ancient Israel (Routedge. 1997)
John Rogerson, Chronicle of the Old Testament Kings (Thames and Hudson,1999)
James Tabor, The Jesus Dynasty (HarperElement, 2006)
Robert Price, The Incredible Shrinking Son of Man (Prometheus, 2003)
Michael Grant, The History of Ancient Israel (Weidendfeld & Nicolson, 1996)
Genesis, Exodus, Samuel, Kings, Joshua, Ruth, Chronicles.
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